O que mudou após 18 meses?

Levantamento detalha a situação de sete casas noturnas e mostra o que mudou depois da tragédia em Santa Maria

Lizie Antonello

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A noite se aproxima. As redes sociais são fonte de informação e servem como meio de contato. Qual é a boa de hoje? Onde vai rolar a melhor festa? Quem vai tocar no meu lugar preferido? Surgiu um show em um lugar diferente. Vamos ver qual é? Convida todo mundo! Que hora vamos sair? Onde vamos nos encontrar?

É assim que Laura Scheeren, 22 anos, estudante do 8º semestre de Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), planeja encontrar os amigos e se divertir. O rito é comum aos jovens e se repete em todos os finais de semana. Nas ruas, movimento intenso, casas noturnas cheias, jovens descontraídos e já pouco atentos às questões de segurança. Apesar de parecer que tudo voltou a ser como antes, passado um ano e meio da maior tragédia gaúcha, a noite em Santa Maria mudou depois do incêndio na boate Kiss. Para Laura, houve mudança de comportamento dos jovens e dos estabelecimentos.

_ Todo mundo está naquela de sair mais cedo. Daí, formam-se longas filas na frente dos lugares. Os bares e boates não abrem necessariamente quando a fila se forma, então, temos de esperar muito. Se chegamos mais tarde, não conseguimos entrar. O pessoal sai, mas volta cedo para casa.

Passado o choque inicial, os jovens parecem mais relaxados ao voltar a ocupar os locais e as ruas. Mas isso não vale para todos os envolvidos na vida noturna da cidade. Enquanto empresários da noite declararam guerra aberta uns aos outros, denunciando os concorrentes, a prefeitura e os bombeiros entraram num ritmo frenético de fiscalização.

Desde a trágica madrugada de 27 de janeiro de 2013, bares e boates da cidade reabriram e fecharam diversas vezes, por vários motivos, todos relacionados à regularização, tanto na parte burocrática, quanto no que diz respeito à segurança. Alguns nunca voltaram a funcionar.

Mesmo com toda a carga de exigência e pressão relativa à prevenção que recaiu sobre o município, afinal, "somos a cidade da Kiss", a população passou por, pelo menos, dois sustos em grandes eventos nesses últimos 18 meses. Ambos foram ocasionados por problemas de segurança (estrutural ou pessoal), que geraram pânico e correria. Felizmente, ninguém ficou ferido gravemente (leia mais no texto ao lado).

Para presidente da AVTSM, não somos exemplo de segurança

A questão é: depois do incêndio na Kiss, problemas envolvendo a segurança das pessoas, seja por parte dos estabelecimentos, seja por parte do poder público municipal ou estadual em locais de reunião de público, são aceitáveis por aqui?
Para o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Adherbal Ferreira, não:

_ Santa Maria teria de ser exemplo para o país, mas a sensação é que não está sendo. Infelizmente, nossos filhos morreram para mostrar o desleixo e a ganância. Foi um massacre e algumas pessoas tratam como um acidente qualquer. Deveríamos ser a cidade da cultura da prevenção.

O Diário fez um levantamento em sete tradicionais estabelecimentos no município para verificar os processos pelos quais passaram para se adequar às regras que já existiam ou às novas cobranças e como está a situação de cada um atualmente (veja páginas 8 e 9). As casas foram escolhidas por funcionarem como boates, apesar de algumas serem conhecidas como bares.

Do total, quatro boates estão com a documentação em dia (Ballare, Corujão, Macondo e Mariachis), duas estão em processo de adequação (Muzeo e Pingo) e uma fechou (Boteco do Barão).

Além disso, a reportagem mostra (acima) quais são os caminhos pelos quais os empresários precisam passar para obter os alvarás.

Dois sustos, nenhum responsável

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